Blog do Abilio Diniz

São Paulo segue vivo na Libertadores
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Abilio Diniz

 O jogo era em casa, mas havia pressão: o São Paulo precisava vencer para não se complicar nas próximas rodadas da Libertadores. Com este cenário, o time entrou em campo com uma postura diferente da apresentada contra o Corinthians e fez 4 a 0 no Danúbio. Apesar da goleada, não foi uma partida primorosa, mas o elenco fez o suficiente para conseguir a vitória. O suficiente para seguir vivo na competição e apagar a apática atuação da estreia.

No primeiro tempo, com duas jogadas de linha de fundo, Pato fez dois lindos gols – o primeiro, realmente uma pintura. Tenho reclamado muito que o São Paulo raramente consegue atacar pelas laterais do campo e chegar à linha de fundo e ontem comprovamos a eficácia desta jogada. Além disso, o time começou o jogo bem articulado e soube aproveitar as falhas do adversário.

No segundo tempo, entretanto, o time quebrou o ritmo, se mostrou desatento e teve mais dificuldade. Por pouco não sofremos gol, numa cabeçada que passou rente à trave. Com uma postura mais acomodada, o que não se espera de um time que busca o título, o São Paulo começou a passar sufoco até Reynaldo, recebendo um belo passe de Michel Bastos e contando com a ajuda de um defensor do Danúbio marcar o terceiro gol. Mesmo com um futebol inferior ao apresentado na primeira etapa, o time ainda chegou ao quarto gol, selando uma importante vitória e com um bom saldo de gols. Mas para seguir em frente e para pensar em título ainda precisa evoluir muito.

Precisamos de menos toquinhos, mais velocidade e jogadas de profundidade. O time precisa ficar ligado o tempo todo, correr e se doar mais, errar menos passes e buscar mais eficiência. Muricy precisa cuidar mais do lado tático, ter mais jogadas ensaiadas e buscar formas alternativas para vencer defesas retrancadas.

Mas valeu a vitória. Pato teve grande atuação, marcou dois gols e foi o destaque do time. Reinaldo também jogou muito bem. De uma maneira geral todos foram bem, mas alguns jogadores ainda precisam correr mais e render aquilo que se espera deles.


Paulistão ainda sem graça
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Abilio Diniz

Mais uma rodada sem graça do Paulistão. Até agora, campeonato segue morno, sem grandes novidades e com os times principais fazendo o que já é esperado:

Corinthians: jogando com um time reserva, mas contando com Danilo e Guerrero na frente, empatou em ritmo de treino com o Ituano. Tite continua mostrando que tem total controle sobre o elenco e está sempre comprometido com seus esquemas táticos.

Santos: em tarde de Robinho, marcou três contra a Portuguesa. Nada fora do normal.

Palmeiras: conquistando a quarta vitória em seis jogos, o time alviverde tem, até agora, oportunidade para testar seus reforços, organizar o esquema tático e construir o entrosamento necessário para fazer um bom Campeonato Brasileiro. Ontem, ganhou de 2 contra o Penapolense e vai reforçando a confiança do torcedor para este ano.

São Paulo: marcou 4 no Audax EC. Com este resultado, pode parecer que o time se reabilitou da derrota contra o Corinthians e que está pronto para enfrentar o Danúbio na quarta-feira pela Libertadores. Mas acho que isso pode ser uma ilusão.

Até fazer o primeiro gol, o São Paulo foi um time ineficiente, lento, incapaz de chegar à linha de fundo, incapaz de furar uma defesa fechada. Sem nenhuma jogada ensaiada e sem um esquema tático que permitisse mais agressividade, mais criatividade e, consequentemente, mais incômodo para o adversário. O SPFC vive do desempenho de cada um de seus jogadores. Se eles estiverem brilhantes, pode sair vitorioso. Se estiverem apáticos, como estiveram contra o Corinthians, não iremos longe.

Mas tivemos alguns lances animadores no jogo de sábado: Michel Bastos mostrou que jogando pelo meio, pode fazer diferença. Pato demonstrou vontade de correr e de fazer gols. Luis Fabiano cansou de ficar na frente esperando a bola chegar e decidiu, como ele mesmo declarou no intervalo, recuar e jogar nas costas dos volantes. Não marcou nenhum, mas participou ativamente de 3 gols. No final do jogo, com 4 a 0, Alan Kardec, que havia entrado um pouco antes, correu e se atirou para tentar evitar que uma bola saísse pela lateral.

É isso aí. Se todo o time resolver se doar, tiver atitude de vencedor e, principalmente, se Paulo Henrique Ganso resolver incorporar este espírito guerreiro, as coisas podem mudar.

Vamos ver o que o elenco reserva para esta quarta-feira.

 

 


São Paulo e Audax EC: dois times do coração
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Abilio Diniz

O São Paulo joga hoje contra o Audax EC e, como torcedor, confesso que será uma partida especial de se assistir. Tenho uma ligação ainda muito forte com este clube, que se iniciou comigo em 2003, em uma peneira aberta a garotos de 12 a 16 anos do Estado de São Paulo.

Nesta peneira, que se chamou SuperCopa CompreBem, reunimos 70 mil garotos. Fizemos várias subsedes pelo Estado e organizamos um grupo de ex-jogadores de futebol para que nos ajudassem na seleção. Ao final, chegamos a 140. Destes, metade se instalou no CT da Marginal, em uma construção simples, mas confortável, onde os garotos moravam, indo para suas casas uma vez por semana, tinham alimentação, assistência médica, dental e psicológica, jogavam bola e eram felizes.

Assim começou este grande projeto social que foi evoluindo para a organização de times de futebol – primeiramente o Pão de Açúcar Esporte Clube (PAEC), e finalmente, Audax EC. No Rio de Janeiro, a história começou de forma semelhante, em 2005, originando o Sendas Esporte Clube, hoje, Audax Rio de Janeiro EC, que está na Série B do Campeonato Carioca, após passagem pela Série A. É uma longa história. Revelamos grandes craques. Entre eles, Paulinho (ex-Corinthians e Seleção Brasileira).

De um projeto social, passamos para um modelo de clube de futebol profissional gerenciado por uma empresa. Conseguimos fazer muito com pouco dinheiro – a verba era definida anualmente pelo conselho de administração. Sinceramente, acho que implantamos um belo modelo de gestão. Hoje, o clube atua na série A1 do Campeonato Paulista.

Para mim foi uma experiência gratificante, principalmente por ver a ideia sendo seguida não só pelos atuais proprietários do Audax, mas também por outros exemplos, como é o caso do Red Bull Brasil.

Tenho a convicção de que, mesmo no Brasil, os Clubes de Futebol / Empresa são viáveis e podem remunerar o capital investido, exigindo apenas um requisito fundamental: precisam ser bem administrados.

Hoje, assistirei ao jogo com uma mistura de orgulho e entusiasmo, sem palpites de esquemas táticos ou placar. A vitória é do futebol.


São Paulo perde para os próprios erros
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Abilio Diniz

No clássico de estreia da Libertadores, não havia favorito. Corinthians e São Paulo entraram em campo ontem em condições semelhantes, mas não demorou muito para que o esquema tático formado por Muricy fosse neutralizado por Tite e o alvinegro tomasse conta do jogo. Ontem, o São Paulo perdeu para seus próprios erros.

A começar pela formação proposta. Michel Bastos como lateral perde muito de sua qualidade. Para atuar como ala, era necessário dar-lhe mais liberdade, talvez usando Denilson quase como um 3º zagueiro este espaço fosse possível. Agora, o posicionamento do time desde o início do jogo é algo que não se pode imaginar, nem aceitar. A fragilidade da marcação permitiu que a conhecida jogada de Elias sendo lançado e aparecendo  à frente fosse possível. Com Elias e Jadson totalmente livres, deu no que deu.

Em nenhum momento do jogo o São Paulo atingiu uma consistência defensiva. Mais uma vez bem marcado, o time foi incapaz de criar jogadas e insistia em manter um jogo lento, ineficaz, com toques recuados, mesmo quando atacava. Muricy tentou melhorar no segundo tempo com Michel Bastos no meio, mas aí já era tarde.

A falta de efetividade no ataque era tanta, que mesmo dominando a posse de bola, o time não conseguia chegar ofensivamente ao gol de Cássio, que só assistiu à partida. Com o gol de Jadson, a apatia são-paulina deu lugar à afobação e neste momento, o que já estava dando errando, degringolou. Erros de passes e lances atrapalhados eram as únicas manifestações do SPFC. É claro que foi falta de Sheik em cima de Bruno. Mas o lateral não poderia nunca entregar a jogada como entregou. Jogando no contra-ataque e com a determinação e atitude que faltaram ao São Paulo, o Corinthians matou o jogo.

Reconhecendo a boa atuação do Corinthians, especialmente de Elias, Jadson e Sheik, o São Paulo perdeu para si mesmo ontem. Felizmente, é só o começo. Ainda é possível se recuperar na competição. Mas há muito o que fazer para seguir adiante.


São Paulo tem jogo treino antes da aguardada Libertadores
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Abilio Diniz

Quinta rodada do Paulistão, mais um jogo treino para o São Paulo. Continuo achando que o campeonato não faz nenhum sentido, mesmo para testes e experiências. Mas hoje, Muricy apresentou uma formação diferente e foi bem.

Com dois gols, Boschilia jogou muito bem pela esquerda, mostrando que é bom é que merece ter mais oportunidades. Ele precisa de ritmo. Precisa jogar mais. Pela direita, Thiago Mendes também fez boa partida. Maicon organizou bem o meio, fez bons lançamentos e participou das principais jogadas, dando mais uma dor de cabeça para Muricy: tenho minhas dúvidas se Maicon deveria ficar de fora no jogo contra o Corinthians.

Gostei das estreias. Dória demonstrou que é um grande zagueiro: calmo, tranquilo e se posiciona bem, o que há muito vem faltando à zaga tricolor. Já Centurión, apesar de bons lances e de ter marcado o seu, preciso ver mais jogos para uma melhor avaliação. Gostei de alguns lances. Outros, nem tanto.

O fato é que embora tenha sido uma goleada, temos que pensar também que em sua quarta derrota seguida, o time do Bragantino é muito fraco para avaliarmos o potencial da formação de hoje. Mas o São Paulo foi bem.

Agora, o mais importante é pensarmos no clássico de quarta-feira. Sinceramente, acredito que temos mais time. O desafio de Muricy é armar um bom esquema tático para neutralizar as artimanhas de Tite e sairmos deste confronto com a vitória.
Que venha a Libertadores!


Duelo de goleiros marca o clássico São Paulo e Santos
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Abilio Diniz

São Paulo e Santos fizeram ontem um clássico equilibrado que teve como protagonistas os dois goleiros – em especial, Rogério Ceni, com defesas brilhantes e decisivas. Apesar do 0 a 0, o jogo foi movimentado, longe de ser monótono para o espectador. Mas, como são-paulino, me preocupa que cheguemos à quarta rodada do campeonato repetindo velhos erros, principalmente no aspecto tático.

Mesmo quando é ofensivo, o ataque do São Paulo só apresenta uma jogada: furar a defesa com o toque de bola. Ainda faltam jogadas de fundo e mais efetividade na criação. Assim, o time se vê refém de dias inspirados de Paulo Henrique Ganso. Além disso, a zaga tricolor continua um show de horrores. Não importa quais jogadores Muricy coloca em campo. Ontem, Lucão e Reinaldo foram expostos ao ridículo pelo ataque do Santos. Não fosse a atuação de Rogério, teríamos saído com uma derrota.

Acredito que o ataque são-paulino não seja mais um problema e acho válido esta alternância na escalação de Muricy, ora entrando com Luis Fabiano, ora com Alexandre Pato. Mas ontem, não entendi o porquê da escolha de Ewandro, que mais defendeu do que acompanhou Luis Fabiano nas jogadas. No geral, me pareceu faltar ao elenco ontem mais vontade de vencer.

O que anima para a semana que vem é o confronto contra o Corinthians pela Libertadores. O alvinegro está cada vez mais afinado e teve uma belíssima atuação contra o Once Caldas. Mesmo ontem, quando a classificação para a fase de grupos já era praticamente garantida, o time entrou com garra e só assumiu uma postura mais defensiva após marcar mais um gol.

Na quarta-feira, não haverá favorito. São Paulo e Corinthians farão um jogo que realmente valha a pena assistir em meio aos fracos confrontos do Paulistão. Que vença o melhor.


Campeonato Paulista ainda corre em ritmo de treino
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Abilio Diniz

O início de um campeonato, e em especial, o primeiro do ano, geralmente é marcado por equipes ainda sem ritmo, sem entrosamento. Aliás, como já tenho dito, estes campeonatos regionais do jeito que estão montados são um grande erro cometido pela fraquíssima Cartolagem do futebol brasileiro. Esta terceira rodada do Paulistão só nos confirma isso. Até mesmo times fortes e experientes costumam apresentar certas dificuldades e jogam com ritmo de treino.

Foi o caso do São Paulo ontem. Com um futebol ainda abaixo do esperado pelo seu potencial elenco, o time foi bem marcado e encontrou dificuldade nas saídas de bola e na criação das jogadas. Considero normal uma atuação ainda fraca nesta fase inicial do campeonato. Mas precisamos ser realistas: jogamos contra um time que não marcou um ponto em 3 rodadas. O SPFC não jogou bem.

Com a marcação cerrada, o time não encontrou espaço, não soube sair para o jogo, apresentou um meio campo inoperante e assim, foram poucas as oportunidades de gol. O time depende da qualidade individual de seus jogadores que num lance de brilho decidem o jogo. Foi o que aconteceu ontem. Dois lances de craques bem aproveitados, dois a zero para o São Paulo. É bom quando, mesmo não jogando bem, o time consegue um bom resultado. Porém, quem viu o jogo, viu também que o XV poderia ter saído com pelo menos um gol ou até com o empate.

Muricy tem agora um grande elenco. Precisa treinar menos a parte física e muito mais a parte tática, como estão fazendo hoje os líderes do futebol mundial. Vamos seguir os bons exemplos e vamos nos preparar para grandes conquistas.

Clássico da rodada: o primeiro clássico do campeonato tem o tempero especial acrescentado pela rivalidade. Vivendo momentos diferentes, Corinthians e Palmeiras apresentaram um futebol equilibrado. O primeiro já tem um elenco afinado e vem embalado pela grande vitória da Pré-Libertadores. O outro, surpreendeu o início da temporada com a quantidade de bons reforços, formou um time que promete a boa fase que há muito os palmeirenses aguardam. Entretanto, ainda não encontrou o entrosamento necessário para decolar no campeonato. Hoje, os rivais jogaram de igual para igual, mas a falta de sintonia alviverde resultou na falha da defesa, muito bem aproveitada pelo Corinthians.

O Paulistão mal começou. Ainda faltam algumas rodadas para que a sintonia afine e futebol paulista embale.


São Paulo ganha ritmo para a Libertadores
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Abilio Diniz

Inspirado individual e coletivamente, o quarteto ofensivo formado por Paulo Henrique Ganso, Michel Bastos, Alan Kardec e Alexandre Pato foi o destaque para a grande atuação do São Paulo hoje.

Na segunda rodada do paulistão, o time entrou mais azeitado, com uma postura totalmente diferente da adotada no jogo de domingo. O que se viu contra o Capivariano foi um São Paulo mais ofensivo, com bom toque de bola e eficiente na criação de jogadas.

Boa parte dos principais lances se deu à ótima visão de jogo de Paulo Henrique Ganso. Mas outro ponto a se destacar na partida de hoje foi que o time, como há muito não se via, preferiu não esfriar para administrar o resultado mas seguiu partindo ofensivamente contra o adversário.

Mesmo a zaga, ainda falha, pareceu bem sintonizada, apesar de estar longe de passar a segurança que precisamos. Mas nem os gols do Capivariano tiraram o brilho da atuação da equipe hoje.

Um bom jogo, sem dúvida, que anima para as próximas rodadas e serve de boa preparação para a Libertadores.

O time assim pode ganhar o entrosamento necessário para começar a disputar o campeonato de fato importante neste primeiro semestre. Aliás, o nível dos times do interior até aqui tem sido uma decepção.


Campeonato Paulista: a primeira impressão
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Abilio Diniz

Enfim, começa o Paulistão. O campeonato trouxe algo a se comemorar: a recuperação técnica do Palmeiras, que ontem fez um belíssimo jogo contra o Audax – time criado por mim há alguns anos. Com as várias contratações e as mudanças internas da diretoria, o Palmeiras de 2015 promete o retorno a dias melhores no futebol.

O Corinthians também apresentou um bom jogo hoje contra o Marília, entrando em campo com sede de vitória. Não à toa, conseguiu o placar de 3×0.

Quanto ao São Paulo, admito que é sempre bom começar um campeonato com vitória. Mas o time não jogou bem. Principalmente por mostrar, neste primeiro jogo, erros da temporada passada. Continuo insatisfeito com a nossa zaga. Mesmo os laterais, reforços para este ano, cometeram falhas grosseiras. Rafael Toloi e Edson Silva apresentaram um verdadeiro show de horrores. Prova disso é que o Penapolense perdeu três gols em cima da nossa defesa por pura afobação e falta de técnica. Não seria estranho se o primeiro tempo acabasse em 3×1 para o adversário. É preciso resolver este problema.

No ataque, senti falta de jogadas criativas e mais ofensivas. Mas nem tudo foi ruim. Além da vitória, o São Paulo deve reconhecer a boa atuação de Michel Bastos, que pode ser realmente um bom substituto de Kaká, com características diferentes, e ainda, ao que parece, a recuperação de Luis Fabiano – em boa forma, disposto, ágil e bem esforçado.

Não há dúvida de que Muricy tem um excelente elenco nas mãos. Só é preciso trabalhar e cuidar do lado tático. Hoje enfrentamos um Penapolense nitidamente mais fraco que o do ano passado. Talvez se o adversário fosse de maior qualidade técnica, o resultado seria outro. Mas o São Paulo pode ser um time de sucesso este ano.

Ainda não é, mas pode ser.


Sr. Aidar: tome a decisão correta
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Abilio Diniz

Muitos dizem que os clubes de futebol não têm dono. Não concordo com tal afirmação.

Os clubes têm dono, sim. São eles os seus associados e os seus torcedores, cujo tamanho, interesse e capacidade de consumo definem o montante das receitas, em patrocínios, contratos de transmissão, rendas de bilheteria, venda de produtos licenciados etc., essenciais para sua existência e realização das suas atividades. Portanto, os grandes clubes de futebol têm alguns milhões de donos.

No caso do meu clube, o São Paulo FC, eu, associado e torcedor, sou um desses milhões de proprietários.

Ao longo das últimas décadas, tive a felicidade de presenciar a construção de uma imagem de credibilidade e excelência na gestão do meu Clube, fruto do trabalho de dirigentes que se destacavam pela discrição, fidalguia e competência, tendo essa fórmula sido coroada com inúmeros títulos de expressão nacional e internacional e reconhecimento de excelência, inclusive pelos rivais.

Com preocupação, vejo a imagem do São Paulo se depreciar rápida e significativamente nos últimos tempos.

O Presidente Carlos Miguel Aidar assumiu a gestão do Clube em abril de 2014, cercado de grande e positiva expectativa. Afinal, tratava-se de um Presidente que fizera ótima gestão à frente do São Paulo na década de 80, além de ter conseguido sucesso em sua profissão, como advogado, chegando inclusive à Presidência da OAB/SP.

Porém, em pouco tempo tudo mudou e mudou para muito pior. Instalou-se dentro do São Paulo um cenário jamais visto, um clima beligerante, temerário e inexplicável. O Sr. Aidar fez um ato inadmissível, partiu publicamente para o ataque e destruição do seu antecessor e principal apoiador em sua eleição; partiu do princípio que é preciso destruir a imagem do Presidente anterior para poder mandar com tranquilidade. Isto é uma sórdida técnica usada inclusive nos meios empresariais e que, normalmente, traz resultados desastrosos. Na minha vida como presidente e gestor, já vi esse filme em preto e branco e em cores e posso garantir que é horrível.

Nesse clima interno de intranquilidade, o Sr. Aidar, depois de confrontado a respeito, assumiu ter celebrado contrato de intermediação com sua namorada, pelo qual receberia 20% dos negócios que ela trouxesse ao clube. Por falta de mais conhecimentos, não vou entrar no mérito dessa questão, mas o Presidente de um clube como o São Paulo tem que assumir regras de compliance e administrar de acordo com as melhores práticas de governança corporativa.

No São Paulo, existem muitas questões a serem tratadas de acordo como eu enxergo o futebol moderno. Eventual separação do clube social do clube de futebol, novo modelo de gestão para ambos, integração do centro de treinamento de Cotia com o centro de treinamento dos profissionais, modernização ou não do estádio do Morumbi, entre tantas outras coisas. O Sr. Aidar fala nesses temas, porém, é preciso que eles sejam tratados abertamente com o Conselho Consultivo, Conselho Deliberativo e dado conhecimento a todos os associados e torcedores. Um presidente e um bom gestor precisa agir democraticamente e ouvir a todos.

E agora, o pior. Apesar deste clima de confronto e de instabilidade na direção do clube, no futebol as coisas ainda caminham bem. Fomos vice-campeões brasileiros em 2014 e temos pela frente boas perspectivas para disputar o campeonato paulista, a libertadores e o campeonato brasileiro. O clima é de tranquilidade. Porém, o Sr. Aidar, com o seu hábito de fazer cobranças públicas ao invés de resolver os problemas internamente, parte, agora, contra Muricy Ramalho, treinador consagrado com inúmeros serviços prestados ao São Paulo. Agindo assim, o Sr. Aidar desestabiliza o ambiente do futebol profissional, carro chefe da Instituição, no qual paz e tranquilidade para trabalhar são elementos fundamentais. Quem conhece gestão de pessoas sabe que cobranças públicas são contraproducentes. O gestor deve ter acesso irrestrito aos seus comandados e, em privado, apontar as metas que pretende atingir e exigir os resultados esperados.

Assim, por ser um dos milhões de donos do São Paulo, tenho o direito legítimo de me preocupar com os graves danos causados ao ativo mais importante do MEU Clube, sua imagem, sua marca, sua História de credibilidade.

Tenho uma vida longa e bem conhecida por todos, sou um seguidor da lei e da ordem, não apoio golpes ou tramas ilícitas. Por esses motivos, peço ao Sr. Aidar que reflita: o Senhor não está à altura de presidir o São Paulo. Modifique completamente a sua gestão ou tome a decisão correta.