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Campeonato Paulista ainda corre em ritmo de treino
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Abilio Diniz

O início de um campeonato, e em especial, o primeiro do ano, geralmente é marcado por equipes ainda sem ritmo, sem entrosamento. Aliás, como já tenho dito, estes campeonatos regionais do jeito que estão montados são um grande erro cometido pela fraquíssima Cartolagem do futebol brasileiro. Esta terceira rodada do Paulistão só nos confirma isso. Até mesmo times fortes e experientes costumam apresentar certas dificuldades e jogam com ritmo de treino.

Foi o caso do São Paulo ontem. Com um futebol ainda abaixo do esperado pelo seu potencial elenco, o time foi bem marcado e encontrou dificuldade nas saídas de bola e na criação das jogadas. Considero normal uma atuação ainda fraca nesta fase inicial do campeonato. Mas precisamos ser realistas: jogamos contra um time que não marcou um ponto em 3 rodadas. O SPFC não jogou bem.

Com a marcação cerrada, o time não encontrou espaço, não soube sair para o jogo, apresentou um meio campo inoperante e assim, foram poucas as oportunidades de gol. O time depende da qualidade individual de seus jogadores que num lance de brilho decidem o jogo. Foi o que aconteceu ontem. Dois lances de craques bem aproveitados, dois a zero para o São Paulo. É bom quando, mesmo não jogando bem, o time consegue um bom resultado. Porém, quem viu o jogo, viu também que o XV poderia ter saído com pelo menos um gol ou até com o empate.

Muricy tem agora um grande elenco. Precisa treinar menos a parte física e muito mais a parte tática, como estão fazendo hoje os líderes do futebol mundial. Vamos seguir os bons exemplos e vamos nos preparar para grandes conquistas.

Clássico da rodada: o primeiro clássico do campeonato tem o tempero especial acrescentado pela rivalidade. Vivendo momentos diferentes, Corinthians e Palmeiras apresentaram um futebol equilibrado. O primeiro já tem um elenco afinado e vem embalado pela grande vitória da Pré-Libertadores. O outro, surpreendeu o início da temporada com a quantidade de bons reforços, formou um time que promete a boa fase que há muito os palmeirenses aguardam. Entretanto, ainda não encontrou o entrosamento necessário para decolar no campeonato. Hoje, os rivais jogaram de igual para igual, mas a falta de sintonia alviverde resultou na falha da defesa, muito bem aproveitada pelo Corinthians.

O Paulistão mal começou. Ainda faltam algumas rodadas para que a sintonia afine e futebol paulista embale.


Campeonato Paulista: a primeira impressão
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Abilio Diniz

Enfim, começa o Paulistão. O campeonato trouxe algo a se comemorar: a recuperação técnica do Palmeiras, que ontem fez um belíssimo jogo contra o Audax – time criado por mim há alguns anos. Com as várias contratações e as mudanças internas da diretoria, o Palmeiras de 2015 promete o retorno a dias melhores no futebol.

O Corinthians também apresentou um bom jogo hoje contra o Marília, entrando em campo com sede de vitória. Não à toa, conseguiu o placar de 3×0.

Quanto ao São Paulo, admito que é sempre bom começar um campeonato com vitória. Mas o time não jogou bem. Principalmente por mostrar, neste primeiro jogo, erros da temporada passada. Continuo insatisfeito com a nossa zaga. Mesmo os laterais, reforços para este ano, cometeram falhas grosseiras. Rafael Toloi e Edson Silva apresentaram um verdadeiro show de horrores. Prova disso é que o Penapolense perdeu três gols em cima da nossa defesa por pura afobação e falta de técnica. Não seria estranho se o primeiro tempo acabasse em 3×1 para o adversário. É preciso resolver este problema.

No ataque, senti falta de jogadas criativas e mais ofensivas. Mas nem tudo foi ruim. Além da vitória, o São Paulo deve reconhecer a boa atuação de Michel Bastos, que pode ser realmente um bom substituto de Kaká, com características diferentes, e ainda, ao que parece, a recuperação de Luis Fabiano – em boa forma, disposto, ágil e bem esforçado.

Não há dúvida de que Muricy tem um excelente elenco nas mãos. Só é preciso trabalhar e cuidar do lado tático. Hoje enfrentamos um Penapolense nitidamente mais fraco que o do ano passado. Talvez se o adversário fosse de maior qualidade técnica, o resultado seria outro. Mas o São Paulo pode ser um time de sucesso este ano.

Ainda não é, mas pode ser.


Sr. Aidar: tome a decisão correta
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Abilio Diniz

Muitos dizem que os clubes de futebol não têm dono. Não concordo com tal afirmação.

Os clubes têm dono, sim. São eles os seus associados e os seus torcedores, cujo tamanho, interesse e capacidade de consumo definem o montante das receitas, em patrocínios, contratos de transmissão, rendas de bilheteria, venda de produtos licenciados etc., essenciais para sua existência e realização das suas atividades. Portanto, os grandes clubes de futebol têm alguns milhões de donos.

No caso do meu clube, o São Paulo FC, eu, associado e torcedor, sou um desses milhões de proprietários.

Ao longo das últimas décadas, tive a felicidade de presenciar a construção de uma imagem de credibilidade e excelência na gestão do meu Clube, fruto do trabalho de dirigentes que se destacavam pela discrição, fidalguia e competência, tendo essa fórmula sido coroada com inúmeros títulos de expressão nacional e internacional e reconhecimento de excelência, inclusive pelos rivais.

Com preocupação, vejo a imagem do São Paulo se depreciar rápida e significativamente nos últimos tempos.

O Presidente Carlos Miguel Aidar assumiu a gestão do Clube em abril de 2014, cercado de grande e positiva expectativa. Afinal, tratava-se de um Presidente que fizera ótima gestão à frente do São Paulo na década de 80, além de ter conseguido sucesso em sua profissão, como advogado, chegando inclusive à Presidência da OAB/SP.

Porém, em pouco tempo tudo mudou e mudou para muito pior. Instalou-se dentro do São Paulo um cenário jamais visto, um clima beligerante, temerário e inexplicável. O Sr. Aidar fez um ato inadmissível, partiu publicamente para o ataque e destruição do seu antecessor e principal apoiador em sua eleição; partiu do princípio que é preciso destruir a imagem do Presidente anterior para poder mandar com tranquilidade. Isto é uma sórdida técnica usada inclusive nos meios empresariais e que, normalmente, traz resultados desastrosos. Na minha vida como presidente e gestor, já vi esse filme em preto e branco e em cores e posso garantir que é horrível.

Nesse clima interno de intranquilidade, o Sr. Aidar, depois de confrontado a respeito, assumiu ter celebrado contrato de intermediação com sua namorada, pelo qual receberia 20% dos negócios que ela trouxesse ao clube. Por falta de mais conhecimentos, não vou entrar no mérito dessa questão, mas o Presidente de um clube como o São Paulo tem que assumir regras de compliance e administrar de acordo com as melhores práticas de governança corporativa.

No São Paulo, existem muitas questões a serem tratadas de acordo como eu enxergo o futebol moderno. Eventual separação do clube social do clube de futebol, novo modelo de gestão para ambos, integração do centro de treinamento de Cotia com o centro de treinamento dos profissionais, modernização ou não do estádio do Morumbi, entre tantas outras coisas. O Sr. Aidar fala nesses temas, porém, é preciso que eles sejam tratados abertamente com o Conselho Consultivo, Conselho Deliberativo e dado conhecimento a todos os associados e torcedores. Um presidente e um bom gestor precisa agir democraticamente e ouvir a todos.

E agora, o pior. Apesar deste clima de confronto e de instabilidade na direção do clube, no futebol as coisas ainda caminham bem. Fomos vice-campeões brasileiros em 2014 e temos pela frente boas perspectivas para disputar o campeonato paulista, a libertadores e o campeonato brasileiro. O clima é de tranquilidade. Porém, o Sr. Aidar, com o seu hábito de fazer cobranças públicas ao invés de resolver os problemas internamente, parte, agora, contra Muricy Ramalho, treinador consagrado com inúmeros serviços prestados ao São Paulo. Agindo assim, o Sr. Aidar desestabiliza o ambiente do futebol profissional, carro chefe da Instituição, no qual paz e tranquilidade para trabalhar são elementos fundamentais. Quem conhece gestão de pessoas sabe que cobranças públicas são contraproducentes. O gestor deve ter acesso irrestrito aos seus comandados e, em privado, apontar as metas que pretende atingir e exigir os resultados esperados.

Assim, por ser um dos milhões de donos do São Paulo, tenho o direito legítimo de me preocupar com os graves danos causados ao ativo mais importante do MEU Clube, sua imagem, sua marca, sua História de credibilidade.

Tenho uma vida longa e bem conhecida por todos, sou um seguidor da lei e da ordem, não apoio golpes ou tramas ilícitas. Por esses motivos, peço ao Sr. Aidar que reflita: o Senhor não está à altura de presidir o São Paulo. Modifique completamente a sua gestão ou tome a decisão correta.