São Paulo reflete em campo a má gestão dos cartolas
Abilio Diniz
O São Paulo perdeu com um futebolzinho digno do momento conturbado que vive. A diferença de qualidade entre os jogadores do SPFC e do São Bernardo é imensa. Se o campeonato terminasse antes do jogo, o São Bernardo estaria rebaixado. Apesar disso, em alguns momentos o time grande, bem treinado, tocando a bola e com esquema tático definido era o São Bernardo.
O São Paulo continua sem esquema de jogo definido, sem jogadas ensaiadas e nunca chega à linha de fundo. Após mais de dois meses, Bauza ainda não mostrou a que veio.
Sou apreciador do futebol bem jogado e de esquemas táticos e dou muito valor ao trabalho dos técnicos. Fico pensando como o San Lorenzo foi campeão da Libertadores na mão de Bauza. O San Lorenzo é o time do nosso querido Papa Francisco, e com certeza ele deve ter rezado muito para o triunfo da equipe argentina.
Hoje o técnico Sergio Soares, que no passado trabalhou comigo no Audax, com um time muito inferior, deu um nó no técnico argentino.
Será que não temos no Brasil técnicos de categoria superior capazes de motivar e dialogar melhor com os jogadores? Claro que sim, mas não com a grife suficiente para satisfazer a cartolagem hoje encastelada no Morumbi, para quem sobra vaidade e soberba, mas falta humildade e competência.
Esses gênios do conhecimento da bola montaram a atual equipe técnica. Retiraram Milton Cruz da coordenação técnica com o pretexto de que estava ultrapassado e o afastaram do campo onde viveu toda a sua vida, justo ele, querido e respeitado pelos jogadores e pela torcida e responsável por salvar o São Paulo no ano passado ao colocar o time na Libertadores.
O São Paulo pode até vencer o River Plate na Argentina na próxima semana, o futebol é imprevisível. Mas o São Paulo precisa mudar. Os dirigentes não são os donos do clube e não podem continuar agindo como se o fossem. Os únicos e verdadeiros donos do São Paulo são seus sócios e seus torcedores, representados pelo Conselho Deliberativo, e eles precisam ser respeitados.
Acredito que os sócios, os torcedores e seus representantes no Conselho serão os agentes que mudarão o São Paulo e com isso ajudarão a transformar o futebol brasileiro.