São Paulo e Audax EC: dois times do coração
Abilio Diniz
O São Paulo joga hoje contra o Audax EC e, como torcedor, confesso que será uma partida especial de se assistir. Tenho uma ligação ainda muito forte com este clube, que se iniciou comigo em 2003, em uma peneira aberta a garotos de 12 a 16 anos do Estado de São Paulo.
Nesta peneira, que se chamou SuperCopa CompreBem, reunimos 70 mil garotos. Fizemos várias subsedes pelo Estado e organizamos um grupo de ex-jogadores de futebol para que nos ajudassem na seleção. Ao final, chegamos a 140. Destes, metade se instalou no CT da Marginal, em uma construção simples, mas confortável, onde os garotos moravam, indo para suas casas uma vez por semana, tinham alimentação, assistência médica, dental e psicológica, jogavam bola e eram felizes.
Assim começou este grande projeto social que foi evoluindo para a organização de times de futebol – primeiramente o Pão de Açúcar Esporte Clube (PAEC), e finalmente, Audax EC. No Rio de Janeiro, a história começou de forma semelhante, em 2005, originando o Sendas Esporte Clube, hoje, Audax Rio de Janeiro EC, que está na Série B do Campeonato Carioca, após passagem pela Série A. É uma longa história. Revelamos grandes craques. Entre eles, Paulinho (ex-Corinthians e Seleção Brasileira).
De um projeto social, passamos para um modelo de clube de futebol profissional gerenciado por uma empresa. Conseguimos fazer muito com pouco dinheiro – a verba era definida anualmente pelo conselho de administração. Sinceramente, acho que implantamos um belo modelo de gestão. Hoje, o clube atua na série A1 do Campeonato Paulista.
Para mim foi uma experiência gratificante, principalmente por ver a ideia sendo seguida não só pelos atuais proprietários do Audax, mas também por outros exemplos, como é o caso do Red Bull Brasil.
Tenho a convicção de que, mesmo no Brasil, os Clubes de Futebol / Empresa são viáveis e podem remunerar o capital investido, exigindo apenas um requisito fundamental: precisam ser bem administrados.
Hoje, assistirei ao jogo com uma mistura de orgulho e entusiasmo, sem palpites de esquemas táticos ou placar. A vitória é do futebol.