Blog do Abilio Diniz

Aos conselheiros e diretores do São Paulo
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Abilio Diniz

Quem acompanha este blog sabe como venho tentando ajudar o São Paulo a encontrar saídas para a sua grave crise financeira. E a única saída possível é também uma grande oportunidade: profissionalizar a gestão. Não temos mais tempo a perder.

Apresentei uma proposta nesse sentido em reunião do Conselho Deliberativo e pude ver o enorme apoio de vocês. Desde então, porém, nada de concreto aconteceu.

Segundo relatos da mídia, hoje haverá uma reunião do Conselho Consultivo, da qual fui excluído, para discutir o plano de profissionalização. À noite, segundo esses relatos, a diretoria deve se reunir também para apreciar o plano. Pode até aprová-lo, mas o que importa é a sua execução.

A diretoria e todos os conselheiros precisam assumir as responsabilidades deste momento crítico e apoiar uma profissionalização verdadeira da gestão. A atuação do Conselho Deliberativo é fundamental, pois representa os verdadeiros donos do São Paulo – os seus sócios e a sua imensa torcida.

Como nas empresas, o Conselho precisa estar perto do presidente e da diretoria na condução da gestão em momento tão crítico. O CEO do São Paulo e o Instituto Áquila, ambos contratados pelo presidente Aidar, redigiram o novo plano e devem prestar contas ao Conselho, como acontece nas gestões profissionais das boas empresas.

Não é possível uma organização com uma receita da ordem de R$ 220 milhões por ano e uma dívida quase impagável da ordem de R$ 270 milhões ser gerida de forma não profissional. A administração precisa ser feita por pessoas dedicadas em tempo integral, com sólida formação nas áreas em que atuam.

Não há tempo a perder. O SPFC pode ficar sem dinheiro para cumprir suas obrigações em semanas. Para cobrir o rombo, já se discute pedir adiantamento pela transmissão do Campeonato Paulista de 2016. O dinheiro do patrocínio da Under Armour até o final de 2016 já foi antecipado e gasto. Ou seja, para resolver o problema presente está se criando um problema futuro. Essa conta não fecha.

O Itaú BBA fez um relatório demolidor sobre a situação (leia o relatório completo aqui). Começa assim: “Se autodestruirá em 3, 2, 1… O São Paulo está em rota de colisão com um muro. Não tem segredo, e os sinais são claros”. A análise do banco inclusive faz uma série de propostas de gestão profissional para o São Paulo totalmente em linha com as minhas propostas.

A situação, insisto, é grave e urgente. Os bancos credores podem em breve cobrar essa fatura e, em caso de não pagamento, tomar as garantias da dívida, entre elas o patrimônio social do clube. Nunca imaginei que o São Paulo fosse chegar a esse ponto.

Meu objetivo aqui é unir o São Paulo. Só juntos poderemos tirá-lo da beira do abismo. O São Paulo é grande demais para ficar refém de pequenos interesses e grandes egos.

Temo que essas reuniões fechadas levem a decisões de conchavo que tenham como objetivo apenas preservar interesses individuais e criar uma fachada de profissionalização.

Na minha trajetória, enfrentei situações delicadas de empresas com muito mais crédito na praça que o São Paulo, que precisaram de muito foco, muita seriedade e muita competência para se reerguerem. Isso é possível. Mas precisa ser feito logo e da forma certa.

Senhores conselheiros e diretores, tentei aqui jogar luz sobre a situação terrível do nosso amado tricolor. Fui até onde pude. A partir daqui, preciso de ajuda. Peço que atuem visando o melhor interesse do clube. Conto com vocês.

 


Copa do Brasil: Classificação e missão cumprida
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Abilio Diniz

Aconteceu em Fortaleza o que deveria ter acontecido no Morumbi. O São Paulo se impôs, transformou as chances em gol e se classificou às quartas-de-final da Copa do Brasil com uma boa vitória por 3 x 0 contra o Ceará.

O Tricolor criou boas chances no primeiro tempo, mesmo com a forte marcação do Ceará, mas só foi abrir o placar depois da expulsão do zagueiro por uma entrada criminosa em cima de Alexandre Pato, aos 41 minutos. Logo depois, Carlinhos sofreu um pênalti e coube a Rogério Ceni deixar o caminho aberto para a classificação.

No segundo tempo, com um jogador a mais, o São Paulo controlou bem a partida e ampliou com Thiago Mendes e Alexandre Pato, selando a classificação.

Ao fim do confronto, deu a lógica: um time que briga pelas primeiras posições na Série A, eliminou um adversário que é o último da Série B. O que não se esperava era a derrota no Morumbi no jogo de ida.

Como torcedor, estou feliz com a vaga, mas espero que o São Paulo busque uma regularidade no Campeonato Brasileiro. Que recupere seu melhor futebol e lute sempre.

Espero que a classificação desta quarta-feira sirva para mostrar que isso é possível.


É preciso salvar o SPFC enquanto há tempo
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Abilio Diniz

Comentar o jogo de hoje é falar mais do mesmo. Não entendo o que o treinador colombiano Juan Carlos Osorio quer fazer. Entendo que ele está sob muita pressão e inseguro, mas poderia tentar fazer o mais simples.

Além do esquema tático equivocado, a defesa continua um desastre, o meio-campo, sem criatividade e o ataque, improdutivo. Enfim, mais do mesmo.

É preciso que os são-paulinos estejam preparados e não tenham ilusões. Infelizmente, não vejo chance de melhoria no curto prazo. Como disse no meu último post, é preciso repensar o São Paulo.

Todos sabem que sou são-paulino e estou tentando ajudar, mas está muito difícil. Neste fim de semana vimos mais uma decisão estranha: a venda de Rafael Tolói. O que tem de errado? Talvez nada, não fosse Tolói, apesar das críticas, o menos ruim dos zagueiros disponíveis.

O São Paulo precisa muito de dinheiro, mas por que vender um jogador no qual o clube tem participação baixa e pelo qual vai receber tão pouco que não compensa a venda? Além disso, é preciso perguntar o que fez a atual direção com o dinheiro da venda de oito jogadores? Pôs no ralo, visto que até agora não foi dado nenhum passo concreto para resolver os problemas estruturais que levam ao desequilíbrio financeiro.

A imprensa diz que o novo CEO do clube ainda vai apresentar o plano de ação detalhado para a profissionalização da gestão, mas isso não é motivo para a inércia e o imobilismo. Não há tempo.

O SPFC de tantas tradições e seus associados correm risco enorme. As dívidas pioram a cada dia e estão se tornando impagáveis, ameaçando o patrimônio do clube. Diante disso, é preciso comando, determinação, velocidade e, principalmente, credibilidade. É preciso ação.

Como membro do Conselho Consultivo, tenho tentado ajudar o São Paulo através do seu presidente, Carlos Miguel Aidar. Mas é preciso que ele coopere e se concentre nos interesses do São Paulo.

Vou continuar tentando ajudar porque desistir é palavra que não consta do meu vocabulário. Não desisto nunca, mas preciso de ajuda. O São Paulo tem nos seus Conselhos Consultivo e Deliberativo homens formidáveis, de bem, alguns ex-presidentes e ex-diretores.

Peço a todos que ajudem a unir o clube e a somar esforços para tentar salvar o São Paulo enquanto há tempo.


São Paulo perde a segunda seguida no Morumbi
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Abilio Diniz

A torcida está revoltada, grita por Lugano, chama o time de sem vergonha e pega no pé de Paulo Henrique Ganso.

Entendo a revolta e o comportamento dos torcedores, até porque sou um deles, mas é preciso dirigir os protestos para o lugar certo.

Não tenhamos ilusões.

O que está acontecendo não é por acaso; este é o São Paulo de hoje.

O que falar de um time que tem grandes pretensões e no Campeonato Brasileiro perde em casa, de goleada, de um time na zona do rebaixamento?

E na Copa do Brasil? Perde também em casa, de um time que é o último colocado na Série B.

O que falar de um time que não tem padrão de jogo e muito menos um time base?

Um time que a cada dia é diferente?

Que começa um jogo em casa com três zagueiros e acaba perdendo por 3 a 0?

Que, no jogo que deveria ser da recuperação, começa com dois laterais esquerdos e coloca um deles na ponta direita?

Que tem uma defesa que, com qualquer formação, toma gols incríveis, inacreditáveis?

Falar o que? Não dá para analisar nada

O problema não se resume apenas no técnico ou nos jogadores.

O problema é muito maior.

É preciso repensar o São Paulo e fazer alguma coisa antes que seja tarde demais.


Muricy: Evitar o rebaixamento foi mais difícil que ganhar títulos no SP
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Abilio Diniz

No terceiro e último trecho da entrevista que fiz com Muricy Ramalho perguntei a ele o que foi mais difícil: Livrar o SP do risco de cair para a série B ou conquistar o tricampeonato brasileiro.

Segundo ele, o fantasma do rebaixamento foi o pior, pois seria um desastre para a história do clube.

Era 2013.

O São Paulo ocupava a zona da degola no campeonato nacional havia 11 rodadas, sob o comando de Paulo Autuori.

Procurando uma solução, dirigentes do time foram até a casa do Muricy para contratá-lo.

E, como ele mesmo diz, o coração falou mais alto e não teve como não aceitar.

Veja no vídeo os bastidores da recuperação do SP naquele campeonato.


Entrevista Muricy: “Não gosto de nenhum esquema tático”
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Abilio Diniz

''Não gosto de nenhum esquema tático'', diz Muricy Ramalho

No segundo trecho da entrevista que fiz com o Muricy Ramalho, questionei qual era o seu sistema tático preferido.

A resposta foi inusitada e me surpreendeu: “Eu não gosto de nenhum!”

Perguntei a ele também se técnico tem o poder de ganhar um jogo ou não.

Divergimos um pouco na resposta, mas tivemos uma discussão muito interessante que você pode conferir no vídeo.

Para o Muricy, a função de técnico é terceirizada, uma vez que quem executa o que é pedido é o jogador. “Eu preferia quando eu jogava, porque eu podia fazer a diferença dentro de campo”, afirmou durante a entrevista que contou com a presença do ex-jogador Juninho Paulista na plateia.

Amanhã postarei o terceiro e último trecho do nosso bate-papo.

Em breve, entrevistarei o técnico Guto Ferreira e também compartilharei com vocês os melhores momentos.

VEJA TAMBÉM: Muricy elogia pontos corridos e diz que mata-mata tem injustiças


Osorio perde no Morumbi
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Abilio Diniz

É por isso que o futebol é fascinante.

Tudo pode acontecer e, às vezes, acontece.

Depois de fazer um grande jogo em Florianópolis no meio da semana, o SP teve uma atuação ridícula, ontem, no Morumbi.

Para aqueles que dizem que técnicos não ganham jogo eu afirmo que, se não ganham, pelo menos podem perder.

E o colombiano Osorio foi muito mal dessa vez.

Para enfrentar um time na zona do rebaixamento, entrou jogando com três zagueiros.

É claro que ele pretendia que Breno jogasse na sobra e pudesse avançar como elemento surpresa.

É claro que Breno se machucou logo no início da partida, mas no seu lugar entrou Toloi, que vem fazendo isso em alguns jogos.

Não tem desculpa, ontem foi um show de horrores.

O time entrou em campo completamente desligado, subestimando o Goiás com arrogância e prepotência absolutamente inadmissíveis para quem tem pretensões de, pelo menos, conseguir uma vaga para a Libertadores.

Juan Carlos Osorio precisa reunir os jogadores e analisar os erros enormes cometidos ontem e tem que se conscientizar de que, se não tiverem garra e muita vontade de vencer, o SP não conseguirá nada de importante neste ano.


Entrevista: Muricy Ramalho
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Abilio Diniz

Muricy elogia pontos corridos e diz que mata-mata tem injustiças

Estou participando de um grupo de debate chamado ‘O Futebol Brasileiro Por Quem Faz’.

Ao longo de dois meses, entrevistarei quatro técnicos para saber mais sobre os bastidores e as experiências de quem vivencia o dia a dia do esporte no Brasil.

Para começar, nesta semana, me reuni com meu amigo Muricy Ramalho: ídolo da nação tricolor paulista e um dos grandes técnicos do futebol brasileiro.

Em nossa conversa, falamos sobre esquema tático, sua história no SPFC, o formato do campeonato brasileiro,  o papel do técnico  no desempenho de um time e o futuro do futebol brasileiro.

Para Muricy, é preciso parar de discutir teorias e sair em busca de propostas efetivas a fim de amenizar os problemas de gestão pelos quais estamos passando.

Promover ações para aumentar a base esportiva no país, segundo ele, é o pontapé inicial de um trabalho para revelar bons jogadores.  “Precisamos fazer o mesmo que os EUA fazem com o basquete: a cada esquina tem uma quadra e, assim, todo ano surgem novos craques”, defendeu. Incentivar campeonatos de várzea e em colégios também são propostas de Muricy.

Nos próximos dias, disponibilizarei alguns trechos do nosso bate-papo.

Hoje, confira o primeiro trecho da entrevista.

VEJA TAMBÉM: ''Não gosto de nenhum esquema tático'', diz Muricy Ramalho


SP no G4 novamente
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Abilio Diniz

Grande vitória do SP.

Um primeiro tempo sensacional, não deixou o Figueirense jogar.

Mérito maior para o técnico Osorio, que montou um time que, no papel, parecia que não iria funcionar, mas deu certo.

Auro e Thiago Mendes, pela direita, jogaram muito bem.

Alexandre Pato abriu o placar e se tornou vice-artilheiro do campeonato.

Breno, de quem não se poderia esperar muita coisa, por enquanto, fez um papel importante no meio campo.

Aliás, foi dele o lance que resultou em um pênalti, que o goleiro Rogeiro Ceni bateu muito bem.

Desta vez, a defesa esteve muito melhor e o time foi compacto, defendendo e atacando em bloco.

Mas o que impressiona mais é que o time está com garra e velocidade, coisa que não vinha acontecendo.

Até Paulo Henrique Ganso, com a braçadeira de capitão, correu e lutou muito, o que não é de costume.

Parabéns aos jogadores e também a Juan Carlos Osorio e Milton Cruz, seu fiel escudeiro.

Se continuarem assim, ainda vão dar muita alegria para os são paulinos e voltar a encher o Morumbi.


Bom jogo no Morumbi
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Abilio Diniz

São Paulo e Corinthians fizeram um jogo bonito e bem disputado.

O SP jogou melhor, teve mais volume de jogo, mas não conseguiu ganhar.

Colocou três bolas na trave e teve mais oportunidades, mas falhou no momento da execução.

Osorio está tentando dar ao SP um padrão de jogo dentro de uma tática interessante.

Tem coisas que gosto muito e outras nem tanto.

Não gosto de jogar com três zagueiros, mas da forma como Osorio propõe até posso aceitar.

Os zagueiros participam do jogo, avançam e abrem espaço em defesas fechadas.

Boa proposta.

O problema é que não temos um Puyol e nem mesmo um Miranda.

Esse esquema depende muito da qualidade dos jogadores e também de termos, pelo menos, um bom volante com capacidade para cobrir os avanços da zaga.

A defesa fica muito exposta, foi assim que o Corinthians marcou seu gol e poderia ainda antes ter feito mais um se Malcon não afobasse e chutasse por cima.

Mas acho que vale a pena prestigiar o treinador e esperar.

Gostei da movimentação do time e gostei das substituições, menos a de Michel Bastos no lugar de Carlinhos para a entrada de Wesley.

Michel não gosta de jogar na lateral e o time perde muito quando o tira do meio campo.

Mas gostei do retorno do Breno, após quase 4 anos sem jogar.

Apesar da falta de ritmo, mostrou personalidade. E mais, gostei dele como volante, acho que pode ser muito útil.

Enfim, não foi um bom resultado, mas também não foi de todo ruim.

Se está difícil atingir a liderança, pelo menos um lugar entre os quatro primeiros não está distante.

É preciso que o time fique blindado, longe do que se passa na direção do clube.

Se houver tranquilidade e salários em dia dá para esperar ainda bons resultados neste ano.