Será que o problema é o técnico?
Abilio Diniz
Os cartolas do São Paulo correm atrás de um técnico. De preferência estrangeiro porque tem mais charme e facilita o jogo para a plateia.
Embora reconheça e divulgue que o futebol brasileiro está atrasado no aspecto tático, prefiro sempre procurar melhorar a qualidade técnica dos treinadores brasileiros a trazer estrangeiros. As experiências recentes não são animadoras. O argentino que esteve recentemente no Palmeiras além do desempenho ruim, fez inúmeras contratações equivocadas. Além disso existem alguns técnicos brasileiros que estão tentando evoluir e mereceriam serem considerados.
Milton Cruz está fazendo o que pode, além de conhecer bem o futebol e ser um grande descobridor de bons jogadores, é um cara humilde, do bem e grande são-paulino. Não advogo aqui sua manutenção como técnico do São Paulo neste momento. Ele não tem o glamour que satisfaça os egos da cartolagem. Peço apenas que seja tratado com o respeito e a dignidade que merece.
A realidade é que o elenco do São Paulo é fraco e desbalanceado. É um time horrível? Claro que não. Mas é um grupo de jogadores difícil de ser organizado. A defesa é fraca, o meio de campo é lento e o ataque não tem profundidade. Mas o grande problema do SP é que o seu grande astro , Paulo Henrique Ganso, embora capaz de uma ou outra jogada genial é de uma lentidão e desinteresse pelo jogo que faz com que o time não tenha velocidade e não consiga jogar de forma compacta, defendendo e atacando em bloco, como exige o futebol moderno e bem jogado.
Sob o comando de Milton Cruz e num momento de grande inspiração, SPFC fez dois grandes jogos, os melhores dos últimos tempos, contra o Corinthians e o Cruzeiro e até mesmo contra o Flamengo. Mas logo voltou ao padrão normal que beira a mediocridade. Hoje o São Paulo bateu o Joinvile no Morumbi por 3 a 0. Não fez mais que a obrigação. A diferença de qualidade entre os dois times é imensa. Mesmo assim, não jogou bem. O jogo deu sono tal a lentidão que foi jogado.