Blog do Abilio Diniz

Encontros com grandes jogadores

Abilio Diniz

Oscar

Fiquei muito feliz com as conquistas do campeonato espanhol pelo Barcelona e do campeonato francês pelo PSG. São conquistas também do futebol brasileiro, já que nos dois times a contribuição de nossos jogadores é fundamental.

Em minhas viagens a trabalho à Europa, tenho procurado abrir espaço na agenda para encontrar alguns desses atletas. Depois de cada encontro, vejo o quanto perdemos sem eles por aqui. São profissionais de alto rendimento e de alto nível, que amadurecem seu futebol e sua mente atuando nas principais equipes e campeonatos do mundo e serão fundamentais nessa dura batalha para recuperar o futebol brasileiro.

Na minha última viagem à Europa, resolvi levar também a minha esposa e os meus dois filhos pequenos, Rafaela e Miguel. Fomos primeiro a Londres, e num sábado tivemos a oportunidade de assistir ao jogo entre Chelsea e Manchester United no Stamford Bridge.

Foi uma grande emoção. O Chelsea venceu por 1 a 0, e seus fanáticos torcedores gritaram o tempo todo o nome da equipe. O jogo não foi grande coisa, apesar do lindo gol de Hazard. O técnico do Chelsea, José Mourinho, é um especialista em retranca. Joga na defesa e fica esperando por uma bola: a bola do jogo. Naquele dia, deu certo, e o Chelsea ficou ainda mais perto de ser campeão da Premier League. Mas o mais legal foi ter a oportunidade de irmos à sala onde os familiares dos jogadores os esperam ao final da partida. Lá, conversamos muito com o Oscar e o Willian.

Oscar tem uma cabeça excelente, uma bela visão do que é o futebol e dos esquemas táticos de jogo. Pareceu um profissional dedicado, com os pés no presente e uma visão clara sobre o futuro – enquanto outros jogadores compram Ferraris e outros carrões, Oscar prefere usar um carro dado pelo próprio clube. Opções como essa revelam muito da pessoa e do profissional.

No dia seguinte, fomos a Paris, e convidei o David Luiz para jantar conosco. Ele veio acompanhado da sua mãe, que chegara aquele dia do Brasil, e mais dois amigos. Novamente, gostei muito. Ele ficou um longo tempo com o meu Miguel no colo, dando a ele uma atenção enorme, e tivemos a oportunidade de conversar bastante sobre o futebol, sobre o PSG e sobre a seleção – o que passou na Copa de 2014, mas principalmente, o futuro do time de Dunga, Copa América e o que vem pela frente.

David Luiz reconhece que há uma grande evolução no comando e no sistema tático da seleção com o Dunga. Não há uma mudança radical de jogadores, mas uma grande transformação na forma de jogar. Não apenas pelo lado tático, mas pela garra, pela disposição, pelo espírito de luta. Eu, pessoalmente, estou otimista. Também considero que o time de Dunga é muito superior ao time que jogou a Copa, embora praticamente com os mesmos jogadores.

Fiquei muito contente de ter conhecido pessoalmente esses craques, como havia acontecido em meu encontro com o Neymar. São conversas que me deixaram mais otimistas com o futuro do nosso futebol, que perde muito sem eles por aqui.

Esse êxodo não é um fenômeno novo nem passageiro, nem tampouco exclusivamente brasileiro. O que podemos fazer é reequilibrar essa situação com clubes bem geridos, que tenham estrutura e capacidade financeira para reter nossos talentos e até atrair alguns de volta. Assim vamos recolocar nosso futebol nos trilhos e garantir o seu futuro.

O Miguel usa hoje uma camisa do PSG autografada pelo David Luiz para jogar o seu futebol.

David Luiz