Pelo Paulista, São Paulo apresenta show de horrores
Abilio Diniz
Grande vitória do Palmeiras. Havia muito que o torcedor alviverde esperava ver um time tão bem entrosado, jogando tão bem e vencendo um clássico. Do outro lado, triste, merecida e melancólica derrota do São Paulo. Para nós, felizmente, o jogo não valia nada. Era só mais uma partida pelo campeonato paulista. Mas exatamente por não haver nada em jogo que não se justifica o show de horrores que foi a atuação do SPFC.
O jogo mal havia começado e Rogério Ceni coloca uma bola nos pés do adversário, levando um gol por cobertura, digno de um filme pastelão. Nervoso – sem haver razões para tanto – Rafael Toloi resolve, numa enorme irresponsabilidade, agredir Dudu e deixar o São Paulo com um a menos. E ainda era o começo do jogo. Daí para frente, só deu Palmeiras, que soube aproveitar o espaço deixado por um homem a menos. Dominando a partida, o alviverde chegou ao segundo gol por onde é sempre muito fácil, nas costas do lateral Carlinhos, que é um desastre na marcação e ineficiente no ataque.
Com a desvantagem no placar e no número de jogadores em campo, o SP passou a exibir suas falhas costumeiras: marcação fraca e confusa, lentidão no meio campo e o nítido descontrole emocional. No segundo tempo, Muricy tentou corrigir uma das falhas colocando Centurión no lugar de Ganso. O time até ameaçou ficar mais esperto, mas não durou nada. Logo em seguida o Palmeiras fez o terceiro, novamente nas costas do lateral Carlinhos, que de forma grotesca ficou olhando a bola e se esqueceu de marcar. Para completar o show de horrores, Michel Bastos perde a cabeça e dá uma entrada violenta em Arouca. Mais uma expulsão em mais um lance injustificável e imaturo. Tudo errado.
Daqui a uma semana tem o jogo que vale, pela Libertadores. Este seria o momento de alguém que representasse o São Paulo chamasse para si a responsabilidade e se colocasse junto dos jogadores e, solidário, lhes desse força para levantar a cabeça e continuar na luta. Mas infelizmente o São Paulo não tem ninguém para fazer isso. Sobra para comissão técnica.
Espero que Muricy faça o que realmente tem que ser feito. É preciso escalar na Argentina, contra o San Lorenzo, onze guerreiros: atletas que se doam, que lutem, que dividam todas as bolas, que não desistam nunca, que se preocupem em marcar e não apenas assistir aonde vai a bola.
Um empate na Argentina pode ser suficiente para a classificação. Não vou sugerir que passemos 90 minutos atrás. Isto seria loucura. Mas ê preciso jogar com inteligência. É preciso armar o time para fazer o que o São Paulo nunca faz – fechar o meio campo e ser capaz de atacar, no momento certo e em grande velocidade.
O São Paulo tem jogadores para fazer isso. Só é preciso colocá-los em campo com essa função.