Parabéns, Neymar
Abilio Diniz
Após oito anos, voltamos a ter um brasileiro concorrendo à Bola de Ouro da FIFA como melhor jogador. A indicação de Neymar para brigar com Messi e Cristiano Ronaldo pelo prêmio em 2015 é mais do que justa.
O ano de Neymar no Barcelona foi espetacular. O brasileiro conseguiu se destacar em uma equipe que tem simplesmente Messi como sua maior estrela e ainda Suarez, Iniesta e tantos outros craques.
Na Seleção Brasileira, então, o protagonismo de Neymar é tanto que chega a ser preocupante. Ele é hoje nosso único jogador fora de série e, na maioria das vezes, jogamos por e para ele.
Mas mesmo se viermos a ter o melhor jogador do mundo, o Dunga não pode jogar só em cima do Neymar. No dia em que ele não está inspirado, a seleção some. E mesmo que os outros jogadores não estejam a sua altura, é possível, e preciso, montar um esquema de jogo que não seja tão Neymar-dependente.
De toda maneira, foi com bastante satisfação que eu li a notícia de sua indicação. É um profissional dedicado, diferenciado, preocupado sempre com seu desempenho a ponto de ter levado consigo a Barcelona um preparador físico exclusivo.
Pude perceber todo esse desejo por evolução quando eu e minha família estivemos com ele em Barcelona e ficamos com a melhor das impressões.
Fico na torcida por ele, assim como pelo brasileiro Wendel Lira que concorre ao Prêmio Puskas pelo gol mais bonito da temporada.
Outra coisa preocupante a ser destacada é o triste fato de o Brasil ficar oito anos sem ter jogador indicado ao prêmio de melhor do mundo. O último havia sido Kaká, que venceu a disputa em 2007.
Isso demonstra que já passou da hora de procurarmos formar melhor nossos atletas. O chavão de que aqui “brotam talentos” não tem se confirmado como antes.
Estamos sendo ultrapassados por países que notadamente investiram para formar novas gerações de jogadores. Alemanha e Espanha são provas disso. É um trabalho de médio prazo, que começa a dar frutos em dez anos. Isso se chama planejamento, e, como tanta coisa, faz muita falta ao nosso futebol.
A melhor preparação dos atletas passa por uma qualificação maior de todos profissionais, de treinadores a dirigentes, que, em sua grande maioria, tem se mostrado incapazes de desenvolver o enorme potencial do esporte.
Essa deveria ser a grande preocupação daqueles que comandam nosso futebol. Infelizmente, não é.
O vexame da Seleção Brasileira na Copa do Mundo parecia um chamado à razão no nosso futebol. Mas não foi. Mais de um ano se passou e praticamente nada aconteceu, além das pesadíssimas acusações contra a cúpula da CBF.
Infelizmente, os dirigentes da CBF e também da maioria dos clubes não se mostraram à altura desse desafio de reorganizar o nosso futebol, num desrespeito absoluto com o povo brasileiro que ama tanto esse esporte.