Blog do Abilio Diniz

Carta ao presidente do São Paulo
Comentários Comente

Abilio Diniz

Bom dia Carlos Miguel,

Agradeço a mensagem que você me enviou tentando explicar os motivos para demitir o CEO do São Paulo. Infelizmente, não acredito no que foi alegado. Como você já anunciou um novo CEO, eu e todos os são-paulinos esperamos que ele tenha a correção, o profissionalismo e a capacidade indispensáveis para mudar a gestão e evitar o colapso financeiro do clube. Todos nós que amamos o São Paulo vamos acompanhar com lupa o seu trabalho.

Da minha parte, quero seguir colaborando para evitar a destruição do clube. Como venho falando já faz algum tempo, minha preocupação mais urgente é com a situação financeira. É preciso antes de tudo ter clareza do que se passa nessa área. Nas últimas semanas, houve muita confusão, com números contraditórios sendo divulgados por você, especialmente em relação às dívidas e ao caixa do São Paulo.

Não podemos viver da antecipação dos recursos previstos para os próximos anos, pois assim estaremos comprometendo também o futuro do São Paulo e perpetuando essa crise.

Gostei muito quando você prometeu contratar uma das quatro grandes firmas de auditoria do mercado para fazer um diagnóstico preciso da situação financeira do clube. Pois bem, diante da gravidade e da urgência da situação, e atendendo a seus pedidos recorrentes para que eu aporte recursos, ofereço financiar a contratação imediata da PriceWaterhouseCoopers, uma das quatro grandes auditorias defendidas por você.

A PWC pode fazer de maneira imediata e isenta um levantamento completo e indispensável da situação financeira, com acompanhamento e previsão do fluxo de caixa para os próximos meses e análise de todos os contratos do clube. Essa auditoria deve se reportar diretamente à Diretoria e ao Conselho Deliberativo, na pessoa de seu presidente, uma vez que o Conselho é o órgão máximo do SPFC, segundo o próprio organograma que você apresentou em seu plano de profissionalização.

Como venho dizendo sempre, este é o momento de união no São Paulo para que nosso clube possa sair da maior crise de sua história recente e recuperar suas glórias de time pioneiro e inovador.

O primeiro passo nessa caminhada é a transparência sobre a real situação, com um diagnóstico claro para o Conselho Deliberativo e a Diretoria.

Peço a você, portanto, que marque uma reunião entre o novo CEO, a PWC e o presidente do Conselho Deliberativo o mais rapidamente possível para que seja definido o escopo do trabalho.

Encaminharei contato na PWC que poderá lhe ajudar.

Carlos Miguel, é fundamental que você torne transparente a gestão do São Paulo e divida com o Conselho Deliberativo suas decisões neste momento difícil. Em nome dessa transparência, estou encaminhando cópia desta carta aos membros do Conselho Deliberativo e do Conselho Consultivo, bem como dando divulgação para o conhecimento dos sócios e torcedores do São Paulo.

Um abraço,

Abilio Diniz

Tags : SPFC


São Paulo mostra que pode se recuperar
Comentários Comente

Abilio Diniz

Deu gosto ver o São Paulo vencer o Grêmio por 2 a 1 jogando fora de casa. Esse é o Tricolor que todos nós queremos. Um time corajoso, impondo seu ritmo, não dando grandes chances a um adversário que estava invicto atuando em seu estádio no Campeonato Brasileiro.

Uma derrota para o bom time do Grêmio, terceiro colocado na tabela, não seria nenhum absurdo. Mas o São Paulo foi para cima, buscou a vitória desde o começo e criou várias chances até marcar com Alexandre Pato, em mais um belo gol do artilheiro.

Pato parece estar reencontrando as boas atuações de sua carreira. É um jogador de categoria que se destaca dos demais. Tomara siga assim. Com ele bem, aumentam as chances de o São Paulo terminar o campeonato entre os quatro melhores.

Mérito também do Osorio, que montou um time bem colocado e objetivo, que trocou passes com mais eficiência, manteve a calma e a posse de bola na casa do adversário e aproveitou bem os contra-ataques para marcar o segundo gol numa boa escapada do Rogério.

Foi um jogo aberto, bom de ver, com a bola rolando e as duas equipes interessadas em jogar futebol. Conseguimos uma boa recuperação poucos dias depois da derrota para o Santos por 3 a 0. Osorio e os jogadores reverteram uma situação ruim em prazo curto, e isso é um bom sinal.

Se o São Paulo entrar sempre com esse espírito será muito competitivo e pode pelo menos sonhar com a vaga no G-4.

Usar os exemplos positivos deste jogo é o caminho para que o Tricolor consiga buscar a regularidade de bons resultados que o torcedor tanto espera.


São Paulo é goleado por seus próprios erros
Comentários Comente

Abilio Diniz

Venho escrevendo há tempos nesse espaço: enquanto o São Paulo não mantiver uma regularidade de atuações dentro e fora do Morumbi, vai ser muito difícil conquistar pelo menos uma vaga na Libertadores do ano que vem.

Ontem à noite na derrota por 3 a 0, fomos completamente envolvidos pelo Santos. O técnico Dorival Jr. anulou um time são-paulino que se mostrou ofensivo apenas na escalação.

O Tricolor se mostrou inoperante no ataque e limitadíssimo em sua defesa. O Osório traz boas ideias, mas muitas vezes é excessivamente alternativo e arrisca demais. A formação do primeiro tempo foi um erro. Não dá para jogar assim contra um time veloz e em momento muito bom como o Santos.

Na saída para o intervalo já era possível perceber que a derrota seria certa. Da maneira como o placar de 2 a 0 foi tranquilamente construído no primeiro tempo, com o time mal distribuído em campo e com graves falhas técnicas e de posicionamento dos jogadores, era nítido que apenas uma circunstância anormal mudaria o panorama do jogo.

E isso não aconteceu. Pior, o Santos marcou rapidamente seu terceiro gol e aniquilou qualquer possibilidade de reação.

Fica a sensação para o torcedor que não é difícil fazer gol no São Paulo. Se o ataque adversário estiver em uma noite minimamente eficiente, sofreremos pelo menos um gol. Aí caberá ao nosso ataque resolver o problema. E quando o sistema ofensivo não trabalha bem, dá no que deu: derrota.

Faltou quantidade e, principalmente qualidade na definição do elenco para a disputa do Campeonato Brasileiro. Não se pode perder oito jogadores no meio da competição. O pior é que todo o desmonte que foi feito do time não trouxe nenhum benefício estrutural nas contas do clube, que seguem precárias e assim seguirão sem uma profissionalização de verdade da gestão do clube.

Fica cada vez mais claro como uma má gestão administrativa é capaz de influenciar no desempenho dentro do campo.

Sobra agora para o técnico Osório e os jogadores juntarem os cacos e renderem todos muito mais no próximo domingo contra o forte Grêmio.

É mais um jogo fora de casa. Que tipo de São Paulo veremos?


Hora de agir no São Paulo
Comentários Comente

Abilio Diniz

Fiquei feliz ao ver o presidente Carlos Miguel Aidar anunciar na sexta-feira um plano para promover a profissionalização e a transparência na gestão do São Paulo. Todo o trabalho feito por mim e muitos outros no Conselho Consultivo e no Conselho Deliberativo teve efeito.

Somos a favor de todo movimento efetivo em direção à profissionalização. Por isso, apoiamos a declaração de intenções feita na sexta-feira. Ela segue a linha do que defendemos para o São Paulo sair dessa crise aguda e voltar a ser exemplo no futebol brasileiro.

Mas a profissionalização vem sendo prometida desde o ano passado. Chegou a hora de as coisas acontecerem.

Não é possível uma organização como o SPFC, com receitas da ordem de R$ 220 milhões por ano e uma dívida explosiva que pode inviabilizar seu futuro, ser gerida de forma não profissional como é hoje.

Aliás, o fato de se anunciar uma dívida diferente da que consta no balanço revela o tamanho do perigo. Aidar prometeu chamar uma das quatro grandes empresas de auditoria atuantes no Brasil para examinar a situação do clube. Isso é fundamental e precisa ser feito com rapidez.

Qualquer uma dessas empresas consegue em poucos dias de trabalho determinar a situação da dívida e o fluxo de caixa até o fim do ano. Sem isso, o voo será cego e perigoso.

Pelas informações disponíveis, o São Paulo só conseguirá honrar seus compromissos se seguir pedalando sua dívida, antecipando receitas e obtendo recursos extraordinários com a venda de jogadores ou grandes bilheterias. E se isso não acontecer? Não dá para gerir o SPFC contando com a sorte e empurrando os problemas para frente. É preciso planejamento e execução.

O Organograma apresentado mostra o Conselho Deliberativo como instância máxima, o que é um avanço. O Conselho representa os verdadeiros donos do São Paulo, e sua responsabilidade neste momento é fundamental.

Uma auditoria bem-feita deve esclarecer uma série de dúvidas que não foram respondidas, entre as quais:

1 – Como a dívida do SPFC, antes estimada em R$ 270 milhões, caiu para R$ 137 milhões?

2 – Por que alguns vice-presidentes, muitas vezes sem experiência na área que comandam, manterão o poder e ficarão acima dos profissionais que serão contratados para tocar departamentos fundamentais como marketing e finanças?

3 – Como o São Paulo vai aumentar receitas, diminuir despesas e resolver os problemas do déficit mensal e do endividamento?

A previsão para este ano é de prejuízo perto de R$ 100 milhões, segundo o Instituto Áquila. Sem respostas objetivas, sem transparência e sem profissionais capacitados nas suas áreas será impossível levantar os recursos para colocar o Tricolor nos trilhos e na liderança do futebol.

Apesar de declarações na direção certa, está tudo ainda muito confuso. Apoiaremos o que a atual diretoria fizer pelo bem do São Paulo e continuaremos pressionando pelas mudanças urgentes, oferecendo nossa experiência.

Já se falou muito sobre a crise são-paulina. Não há mais tempo a perder. É preciso começar a fazer.

Eu e todos os são-paulinos estaremos de olho, marcando juntos, para que o nosso São Paulo seja gerido pelos profissionais que a crise exige, dentro das melhores práticas.

Só assim voltaremos a ser um clube pioneiro e exemplar, que dá muitas alegrias a seus torcedores e associados.

 


Guto Ferreira sobre metodologia de trabalho: “Não é receita de bolo”
Comentários Comente

Abilio Diniz

Nesta última parte da minha conversa com Guto Ferreira, um dos destaques da nova geração de treinadores, falamos sobre as diferenças entre o futebol europeu e o brasileiro. Não só dentro de campo, mas também fora dele.

Tenho conversado com muitos jogadores da seleção brasileira que atuam na Europa e, nos relatos que ouço, é praticamente unânime que existem grandes diferenças na metodologia de trabalho.

Guto reconhece que é preciso evoluir taticamente, mas sem deixar de privilegiar o diferencial técnico que o jogador brasileiro possui em sua essência.

Outra grande diferença apontada por ele é o calendário europeu com menos partidas do que o brasileiro. Mais treinamentos permitem maior repetição e evolução na parte tática: “Na Europa, há pelo menos duas semanas cheias (sem jogos) para se treinar em cada mês”, disse.

Veja nesse último trecho da entrevista algumas ideias e exemplos práticos do que pode ser feito para que o futebol brasileiro consiga evoluir taticamente, segundo Guto Ferreira.


Boa vitória, mas um sinal de alerta ligado
Comentários Comente

Abilio Diniz

A partida de hoje merece duas análises. A primeira se refere à vitória propriamente dita. Foi importante somar os três pontos no Morumbi para o time não se distanciar da parte de cima da tabela.

Depois de um primeiro tempo com muitas dificuldades, o Tricolor se impôs depois do intervalo, anotou dois gols e controlou tranquilamente a partida.

É importante destacar a boa estreia do atacante Rogério, com direito a gol e muita personalidade; seguindo dessa maneira, certamente será uma boa opção para o técnico Osorio. É preciso dar moral para o jovem jogador.

Outro que fez boa partida foi Paulo Henrique Ganso. É esse Ganso participativo, atuante que o torcedor quer ver sempre. Ele tem talento suficiente para fazer a diferença.

A outra análise mostra uma situação preocupante e que, entendo, pode ser decisiva daqui para a frente. O São Paulo entrou em campo novamente com vários desfalques, alguns por contusão, outros por suspensão. Todos sabem que time que ganha campeonato é aquele que tem bom elenco, com opções para todas posições. É preciso aliar quantidade de jogadores com qualidade. Hoje isso não foi um problema para o São Paulo construir o resultado, mas pode ser fatal no decorrer da competição.

Um time que quer buscar o título não pode desmontar seu elenco no meio da competição. Ainda mais se o retorno financeiro da venda de atletas não represente um alívio para os cofres endividados do clube.

Oito atletas deixaram o Tricolor desde o início do Brasileirão: Toloi, Dória, Boschilla, Souza, Denílson, Ewandro, Jonathan Cafu e Paulo Miranda. Oito opções a menos nesses momentos de dificuldades com os desfalques, três delas zagueiros. É muita coisa, convenhamos.

É óbvio que a conta desse desmanche já chegou e poderá ser decisiva na reta final do campeonato. Trata-se de um risco muito grande em troca de um retorno muito pequeno em termos financeiros.

Como eu disse, para o jogo de hoje esse grave erro não foi decisivo porque o São Paulo venceu com autoridade. Mas será que oito jogadores não farão falta nessas últimas 15 rodadas? Esperemos para ver.


Guto Ferreira: “Há muitas curvas na estrada entre a base e o profissional”
Comentários Comente

Abilio Diniz

Neste segundo trecho da entrevista com o Guto Ferreira, falamos sobre um tema que considero de extrema importância e relevância: as categorias de base.

Não se pode pensar em melhorar nosso futebol sem que se faça um trabalho adequado na formação de novos jogadores.

Guto Ferreira pode falar sobre esse assunto com propriedade. Trabalhou muitos anos nas categorias de base de grandes clubes brasileiros, como São Paulo e Internacional, convivendo com atletas como Alexandre Pato, Edmílson, Fabio Aurélio, Emerson Sheik, Lúcio, entre outros.

Será que em nosso país os clubes fazem esse trabalho corretamente? Ouvimos muito que esta geração de jogadores é fraca. Será que é só este o problema? Como explicar que um jogador chega ao time principal com defeitos de fundamentos?

Guto Ferreira deu sua explicação. Para ele, além de trabalhar ações técnicas, os treinadores da base também precisam ensinar noções táticas. E mais: para o ex-técnico da Ponte Preta, um dos culpados pela mudança na nossa maneira de formar atletas foi um tipo de sistema tático que muitas equipes brasileiras utilizaram tempos atrás.

Veja qual é esse sistema e o que mais disse Guto Ferreira neste segundo momento da nossa entrevista no ciclo de debates “O Futebol Brasileiro Por Quem Faz”.


Entrevista: Guto Ferreira
Comentários Comente

Abilio Diniz

O técnico Guto Ferreira foi o segundo convidado do grupo de debate que participo chamado “O Futebol Brasileiro Por Quem Faz”. Neste encontro, já conversei com Muricy Ramalho e, desta vez, o papo foi com um dos destaques entre os treinadores da nova geração.

A renovação sempre é fundamental em todos os setores e no futebol não poderia ser diferente. Novas ideias, conceitos, treinamentos e posicionamentos táticos são sempre bem-vindos. Ainda mais depois do momento complicado que o futebol brasileiro vem passando pós 7×1.

Por isso, defendo sempre que precisamos de uma grande discussão, a fim de buscar a evolução dos profissionais que trabalham direta e indiretamente com esse esporte.

Dentro desse processo entendi ser muito importante conversar com o Guto. Achei bacana o trabalho dele na Ponte Preta em termos táticos, montagem de time, aproveitamento dos jogadores.

Falamos também sobre a importância do trabalho do técnico, a relação de confiança que deve haver entre o treinador e a direção do clube, o trabalho de base no Brasil, entre outros assuntos.

Ao longo dos dias, dividirei com vocês alguns trechos dessa entrevista. Veja aqui a primeira parte:


Era um jogo para trazer os três pontos
Comentários Comente

Abilio Diniz

Em um jogo de muitos erros de passes e finalizações, o São Paulo apenas empatou com o Joinville por 0 a 0. O Tricolor perdeu a chance de conquistar sua terceira vitória seguida e aumentar a confiança de todos para as próximas partidas.

Além de elevar a autoestima, era muito importante voltar de Santa Catarina com os três pontos para as pretensões de buscar uma melhor colocação no Campeonato Brasileiro. Mas infelizmente, isso não foi possível.

Compreendo que os muitos desfalques que o técnico Osorio teve acabaram por dificultar um pouco mais a missão são-paulina, mas entendo que voltar com a vitória na bagagem era uma missão possível de ser realizada.

É verdade também que o São Paulo teve boas chances de gol; Pato e Michel Bastos perderam gols incríveis. Por outro lado, o Joinville também desperdiçou ótimas oportunidades, acertando inclusive, três bolas na trave do goleiro Renan Ribeiro. No fim, muitas emoções, mas nada de gols.

Sigo defendendo a tese que o time tem que buscar manter a regularidade se quiser subir mais na tabela de classificação. O campeonato premia os que menos oscilam e infelizmente o SPFC não consegue engatar boa sequência de vitórias.

O próximo desafio do Tricolor será contra o Internacional, sábado, no Morumbi. O time gaúcho virá embalado depois de golear o Vasco por 6 a 0.

Será uma boa oportunidade de demonstrar força e fazer a lição de casa. Estarei torcendo muito para que isso aconteça.


Vitória tranqüila no Morumbi
Comentários Comente

Abilio Diniz

Desta vez o São Paulo fez seu dever de casa. Sem maiores dificuldades, venceu a Ponte Preta por 3×0 e, mesmo que temporariamente, entrou no G4 do Campeonato Brasileiro.

Ganso foi o destaque com um gol e uma assistência. É isso que nós torcedores esperamos dele. Se ele conseguir atuar em alto nível, certamente iremos brigar por melhor colocação na classificação.

Em um campeonato de pontos corridos, o time que vencer mais jogos dentro de casa, certamente irá brigar pela parte de cima da tabela. Por isso é importante não dar chances em nossa casa.

O que queremos agora é uma maior regularidade fora de casa também. Não podemos oscilar tanto e espero que os bons resultados fora do Morumbi possam voltar a acontecer logo nesta quarta-feira contra o Joinville, que ocupa as últimas colocações na tabela.

Na última quarta-feira, contra o Ceará conseguimos mostrar que podemos impor nosso futebol mesmo que atuando com uma responsabilidade maior.

Tomara que o técnico Osório e os jogadores consigam repetir este desempenho recente. Torcerei muito para que isso aconteça.